“Eu morri, estou morto, mortinho da silva. Morri junto com toda essa gente estranha, que diz ser gente. Morri quando olhei pra aquela senhora de mais ou menos 89 anos de idade, que atravessava a rua sem nenhuma ajuda sequer. Morri ao saber que, as pessoas pagam um reality show pra ver quem sai, mas não tira 12 reais do bolso pra pagar um almoço para uma criança de 8 anos passando fome. Morri, ao saber que muitos morreram ao nascer. Morri ao saber que a morte é um caminho mais facilitado para outros. Morri quando vi políticos roubando muito dinheiro e não sendo presos, e um simples mendigo roubando um pastel apanhando das pessoas. Morri ao saber que a televisão move o mundo, mas você não move o corpo pra trocar de canal e assistir um documentário sobre cultura. Morri ao saber que você quer morrer, enquanto muitos outros nunca souberam o que é ter uma vida. Morri quando você morreu, morrerei quando minha mãe morrer e quando meu pai ir. Morri ao saber que um celular é mais importante que um passeio. Morri ao saber que você fala que ateus são desprezíveis, porém mata cristãos pra poder ficar mais rico. Morri ao saber que você acha que religião salva tudo, mas esquece que você já morre quando comete os 7 pecados capitais diariamente. Morri por saber que a Terra é redonda, mas ninguém dá uma volta medíocre pra ajudar um cachorro com a pata ferida. Morri por saber que a água do mar não deve ser ingerida, mas você gasta água doce como se fosse uma diversão qualquer. Eu apenas morri por alguns minutos, horas ou talvez dias. Fiquei ali, parado, imóvel, morto, observando esse mundo acabado, que quando começou, já estava extinto.”
— O mundo acabou antes de você começar ele, Gabriel Malaquias
Nenhum comentário:
Postar um comentário