abril 07, 2013

Nunca tive uma noite tão terrível como essa.  De parentes internados à beira da morte ao total abandono de todo o resto das pessoas.  Não lembro de ter me importado tanto com assuntos familiares como hoje.  Quando ouvi minha mãe dizer que depois da piora ele havia piorado mais ainda eu só soube correr pro banheiro, chorar e pensar que ninguém aqui em casa merecia passar por mais uma dessas.  Eu posso chorar um rio todos os dias, mas que ninguém ao meu redor faça isso também.  Sinto a dor de todos e isso é um saco, sinto o que é pela primeira vez a sensação iminente de perder alguém na família.  Quando se é criança demais, a gente nem percebe, e acredita realmente que ele vai estar em um lugar melhor...  Não pode ser mentira.  De todas as minhas crenças e descrenças, sei que aqui é o pior lugar de todos, o lugar da vida.  Um filósofo cujo nome não me recordo já dizia que a dor é a maior prova de que se está vivo. Talvez eu nunca tenha desejado tanto não estar viva só pra calar a dor e a sensação de não poder fazer nada por mim, muito menos pelos outros.

Assim como em outros dias, eu esperava o amigo que não veio, o abraço que se esvaiu, as palavras entaladas..  Não entendi ainda porquê os sábados voltaram a ser tão deprimentes, não é a primeira vez...  esse vazio já é um velho amigo do qual eu não sentia a menor falta.  Acho que o meu melhor amigo ainda continua sendo o mar. De parar com os pés enterrados na areia, sentir o ir e vir das ondas, dos pensamentos, das lamentações...  Cara, que puta saudade do mar.  Que puta saudade de ser acolhida, confortada, de chegar em casa melhorada. 

É, mas não tem mar pra hoje.  Nem mar, nem nada, nem ninguém.

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