fevereiro 16, 2013
"Confesso morrer de inveja de Lígia, de Carolina, de Lilly Braun, Iolanda, Luiza, Gabriela e Beatriz. Confesso ir dormir todos os dias pedindo por um poeta ensandecido de dor suplicando minha volta através de um poema melancólico. Confesso também que invejei mil vezes aqueles trechos de músicas dos quais a saudade soa como luto e a batida do violão envolve notas tristes e chorosas. Ninguém nunca viu em meus olhos as noites do Rio, ao luar. E nunca tive sequer uma homônima para me vangloriar e mentir que meu nome foi inspirado nela. Ou vice-versa. Em meio a Anas de Armsterdã ou que fizeram de uma vida um erro depois de irem embora, Michelles, Angélicas, Marias Ninguém, não há alguém que me cante, me passe para o papel. Leminski não me escreveu três versos de gelo. Não há alguém que chore, que durma tarde em meio a letras e prosas. Quando Roberto cantou que nem o mar e o infinito não eram maiores que o amor que residia nele e nem ao menos mais bonito, quando Chico afirmou que gostaria de ficar no corpo dela feito tatuagem, quando João afirmou que os desafinados também têm coração e quando alguém gritou que o mar é uma poça comparado ao pranto seu. Onde andava eu enquanto tudo isso acontecia? Onde? Por que não fui a coisa mais linda, mais cheia de graça a passar? Por que não fui a quadrada, demente, que não entende nada e Caetano não quis me fazer entender? Mesmo que esses amantes sejam todos errados, tortos, quase mortos, seus amores serão bons, disse o admirador de Teresa certa vez. Enquanto isso, prossigo aqui desdenhando de todas as Bárbaras e Cecílias. E dessa garota qualquer que te inspirou no Arpoador (e que também era eu)."
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