Tem dias que mesmo sem chamar pra conversar me dá uma vontade enorme de saber como todos estão, porque a maioria são meus amigos ou que pela quantidade de tempo próximos me mostraram ser pessoas incríveis que eu gostaria de ter por perto e um dia poder jogar conversa fora e comentar sobre os rumos que a vida tomou...
Parei pra dar uma olhada em como certos amigos estão, até pra matar as saudades de quando tínhamos tempo pra conversar todos os dias. Ir parar ali e perceber a quantidade de tempo que passou me fez pensar no rumo da minha vida, nas decisões que eu tomei, na minha cabeça sempre fervilhando, no meu sangue quente, nas besteiras que eu andei fazendo. Seria tudo tão mais fácil se às vezes eu tivesse parado pra ouvir o que os meus "pais" tinham a dizer! Só que eu sempre queria mais, sem saber que a vida é quase uma raspadinha que dá prêmios: tipo, o premiado nunca é você, nada simplesmente vem de bônus.
Hoje, assim como em outros dias, tive meus minutos de reflexão sobre a sequência de coisas erradas que eu fiz procurando por algo maior e que provavelmente não existe. Eu queria ter muitos amigos e conhecer de tudo um pouco enquanto a melhor amizade que eu poderia ter estava do outro lado da linha me ouvindo chorar por futilidades no telefone, bem tarde da noite; eu queria conseguir me destacar pra superar todas as vezes que as pessoas não me enxergaram sem perceber que as minhas perguntas inocentes e meus olhos voltados sempre pro céu eram o que eu tinha de mais encantador; eu queria o maior amor do mundo quando na verdade o mundo não podia me oferecer amor nenhum...
Já se passaram vários anos desde o início da minha sequência de decepções. Me pergunto como seria a minha vida hoje se eu não tivesse mandado pastar a única pessoa que se importou comigo desde o primeiro "oi"; aquele menino gordinho dos penteados punk que vivia na porta do prédio me esperando, que me buscava no colégio quase todo dia, que matou muita aula comigo quando a escola se tornou um lugar insuportável, que encarou minha mãe berrando por minha causa, que parava na rua da frente com uma barba enorme e cara de sono só pra me dar um abraço e um beijo de bom dia, que aparecia na minha casa de surpresa pra me irritar e me levar pra tomar chuva na rua... posso estar sendo precipitada, mas com certeza eu teria uma companhia pra me acalmar toda vez que as coisas ficassem feias, talvez eu não tivesse brigado tanto com as pessoas ao meu redor simplesmente porque havia alguém pra me segurar e esvaziar todas as porcarias que me rodeavam. Me pergunto se eu estaria feliz como as outras pessoas, sem precisar determinar uma quantidade de meses ou anos pra ficar junto, sem precisar esperar por uma facada nas costas no meio da noite... foi tudo que eu tive nesses cinco anos desde que eu decidi fazer as coisas de outra maneira. Pra onde foi mesmo que eu mandei aquele menino tão doce que cozinhava, trazia remédios naturais e bizarros quando eu ficava doente, que me sujava de sorvete, que "rabiscava" as paredes do quarto e que me ensinou sobre as estrelas? Será que se perderam todas as dedicatórias em livros, as poesias, as folhas de caderno, a melhor pessoa que eu já tive na vida até hoje?
Meu maior arrependimento não é tê-lo mandado embora, lembro bem das circunstâncias na época. O arrependimento foi tudo o que aconteceu depois... de tanta vontade que eu tinha de encontrar coisas melhores, acabei atolada na merda de todas as formas possíveis, sentada no escuro me deprimindo e ouvindo Silverchair, parece até que já vi essa história antes...
Mas né, o tempo não para. Quem sabe um dia os rumos que me perderam não sejam os mesmos que me levem de volta pra qualquer lugar diferente do que eu tenho vivido nos últimos anos. Se eu não tivesse fé em qualquer surpresa boa, provavelmente nem estaria mais viva contando histórias dramáticas aqui. Boa noite pra quem teve saco de ler isso tudo :)
Um comentário:
Na minha opinião a vida é feita de escolhas. Mas infelismente não podemos saber quais as certas quais as erradas antes de fazê-las, eu diria até que nem depois de fazê-las, pois nunca saberemos o que ocorreria se tivessemos feito outra escolha. Além disso o certo e o errado são tão subjetivos.
O que acredito é que perdemos muitas coisas boas por fazermos más escolhas, mas também podemos viver momentos incríveis e termos ótimas oportunidades por consequência de escolhas ruins.
O fato é que ninguém erra de propósito, e também não acerta sem tentar.
Abraços e continue a escrever tão bem.
Postar um comentário